Os cavalos marinhos são um dos animais mais famosos e menos conhecidos dos mares. Todas as pessoas reconhecem o seu formato característico e sua aparência que lembra um cavalo, mas muito poucas pessoas sabem dos seus pormenores da sua manutenção em aquários.
Na natureza existem cerca de 30 espécies catalogadas, cada uma vivendo em um habitat diferente e em condições diferentes. Existe até (pasmem) um cavalo marinho de água doce encontrado no Lago Titicaca, Hippocampus Titicacanesis .
As espécies mais comuns em aquários são as do Hippocampus Reidi, Hippocampus Erectus e Hippocampus Kuda, dada a sua maior facilidade de manutenção.
A maior dificuldade da manutenção de cavalos marinhos em cativeiro é o fato de que os aquários são espaços muito limitados fisicamente para reproduzir um ecossistema suficiente para a manutenção desses animais que exigem uma complexidade muito maior que os outros peixes. São essas dificuldades desconhecidas pela maioria dos aquaristas e até por alguns biólogos que levam à morte prematura desses animais como estamos cientes que sempre acontecem.
A primeira limitação física dos nossos aquários para a manutenção dessas 3 espécies (H. Kuda, H. Reidi e H. Erectus) é a salinidade. Como são espécimes endêmicas de estuários não convivem bem na salinidade normal de mar aberto (1023 – 1025 ‰), mas sim em águas temperadas dos manguezais com salinidade entre 1017 – 1020 ‰ . O excesso de sal compromete severamente a osmorregulação desses amimais causando ao longo de poucos meses a sua morte. Como os aquários marinhos são geralmente preparados para conter vida recifal (peixes e corais de arrecifes) a salinidade fica imprópria para a manutenção conjunta desses cavalos marinhos.
A segunda limitação, e talvez a mais complexa de todas, é a alimentação. Embora sejam esses espécimes altamente seletivos em seus alimentos, são também dependentes de nutrientes específicos encontrados nas proporções corretas somente nos alimentos do seu habitat natural tornando muito difícil a produção industrial de um alimento que preencha todas essas necessidades.
Ainda ocorre entre nossos aquaristas a confusão entre comer e nutrir. As pessoas são levadas a crer que se o animal está comendo, está tudo bem, mas sabemos que isso não é bem verdade. Para que o animal viva bem, é necessário que aquilo que ele come contenha tudo que o organismo dele necessita nas proporções corretas. Lembrando que nutrientes como gordura, proteínas, carboidratos, etc. em excesso são tão prejudiciais quanto à falta destes para a saúde de qualquer animal.
Então, alimentar cavalos marinho dessas 3 espécimes apenas com artêmia ou outro micro crustáceo não irá supri-los dos nutrientes que precisam, nas quantidades em que precisam levando a animal à morte por desnutrição ou por má nutrição. Com isso quem tiver interesse em manter um aquário com cavalos marinhos terá que recorrer á captura de micros crustáceos no mesmo ecossistema onde o cavalo marinho foi capturado para alimentar seus animais.
O terceiro maior empecilho para manutenção desses animais em aquário é o fato de que os cavalos marinhos são predadores de emboscada. Ou seja, não vão atrás do alimento, eles ficam parados esperando que o alimento venha até eles. Isso torna praticamente impossível a manutenção de cavalos marinhos em aquários comunitários, juntamente com outros peixes já que os peixes comerão toda a comida viva disponível dificultando a alimentação dos cavalos marinhos.
Outros fatores também têm grande importância como a iluminação, responsável pela sintetização da vitamina D, necessária na composição e manutenção da carapaça óssea dos cavalos marinhos, e a construção física do substrato e enfeites que permitam aos animais fixarem-se e camuflarem-se.
Em resumo, quem deseja construir um aquário de cavalos marinhos deve informar-se de uma série de fatores pertinentes a esses animais e que lhe são próprios e exclusivos.
De forma geral, já fica bem claro que aquário para cavalos marinhos só devem ter cavalos marinhos e devem ser montados exclusivamente para cavalos marinhos, bem como deve o aquarista ter garantida uma fonte de alimento e suprimentos adequados para a espécie que ele escolheu.
Infelizmente a falta de conhecimento sobre esse assunto leva os nossos aquaristas e lojistas a matarem milhares de cavalos marinhos o que é lamentável sobre todos os aspectos.
Fonte: Nós da Aquários Sobrinho acompanhamos e fomos colaboradores assíduos da empresa Demarcompany, dos amigos Juan Pablo de Marco e Alejandro de Marco, no Espírito Santo que foi a pioneira e primeira empresa do mundo a criar e reproduzir com sucesso o Hippocampus Reidi em cativeiro.
PS: A empresa Demarcompany não comercializa no mercado interno. Vídeo cedido pela Demarcompany
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